quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sobre perder um bebê

Era 07 de agosto de 2013, e eu já não conseguia mais esperar a menstruação, e não aguentava mais os meus enjoos, decidimos, é hora de comprar o teste de farmácia, eu já sabia, ele já sabia, estávamos grávidos, era o início de um novo ciclo.
Então noite de quarta feira, xixi no potinho, esperamos 5 minutos e la estavam elas as duas "listrinhas"vermelhas que diziam " Parabéns, papai e mamãe, você vão ter alguém pra representar o amor de vocês." , eu não acreditei, ou melhor eu não sabia se devia acreditar, não posso dizer que não o queria, só que fui pega de surpresa pela rapidez com que havíamos sido presenteados com a nova vida que crescia dentro de mim.
Dia 08 de agosto, vou para o laboratório, teste de sangue, 18885, esse foi o resultado, ainda não entendo porque não vem um POSITIVO ou NEGATIVO bem explicito naquele papel, juro, mas estava lá 18885, o que na legenda dizia, positivo entre 5 e 6 semanas, era real, havia uma vida dentro de mim, o nosso estava se materializando, tudo mudava a partir daquela certeza.
Dia 10 de agosto, ninguém sabia, só nos dois, queríamos fazer uma surpresa no dia dos pais, ainda era sábado, o nosso primeiro ultrassom, e lá estava ele um pontinho piscando era o coraçãozinho, não conseguimos escutá-lo, era pequenino demais, mas estava lá irradiando alegrias em nosso coração, 5 semanas e 6 dias, era real, nossa família estava agora mais completa. Não aguentamos até o dia dos pais, os avós maternos e paternos radiavam de alegria, vinha aí mais um ser pra fazer a todos felizes.
Pré-natal dado inicio, uma série de exames, e mais uma ecografia, essa com 8 semanas que já era mais certo escutarmos o coração do nosso bebê, era estranho, algo estava estranho, não haviam mais enjoos, e algo la no fundo me fazia sentir-me preocupada, mas eu deixei pra lá e decidi que eram só coisas da minha cabeça.
27 de agosto, a eco pra ver como estava o nosso "feijão", e foi aí que a nossa felicidade virou dor, não existia mais, não havia atividade cardíaca, ele não tinha crescido mais que 1mm desde a última eco, a verdade é que dói como se houvesse partido aquela pessoa que passou a vida inteira ao seu lado, choro, medo, o sonho havia acabado.
Como dói, como machuca, e cada vez que lembramos buscamos entender porque tantas pessoas tem crianças que elas não querem, evitamos ao máximo questionar, mas não conseguimos totalmente, sabemos que existe um propósito para isso só não descobrimos ainda qual, me senti a mulher mais incapaz do mundo, mesmo depois de ouvir 5 médicos diferentes falarem que era a coisa mais normal do mundo uma mulher perder um bebê, especialmente no 1º trimestre da gravidez.
Eu sei que vão se passar 10 anos e eu não vou esquecer, mesmo que tenha outros filhos nesse tempo, vou sempre imaginar se seria ele ou ela, se teria os olhos claros da bisa, o sorriso do pai, se seria branquinho ou moreno, se seria cabeludo ou mais carequinha, se ia ser médico, advogado, jornalista, administrador ou veterinário, eu só sei que seria muito amado, mas Deus sabe de todas as coisas, e somente ele entende a razão de uma chegada e partida tão breve, mas sabemos que ainda muitas outras vezes a mágica da vida irá nos sorrir e nos presentear com uma nova vida em nossas vidas, para receber todo o amor que temos guardado aqui.

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